terça-feira, 2 de novembro de 2010

"Sim, a mulher pode"


Em época de eleição, as expectativas se renovam. O oxigênio parece que volta a circular e reaviva os ânimos. Cada vez que ouço o discurso do candidato eleito, é como se renovasse em mim as esperanças de que o Brasil e a política podem avançar. Ingenuidade ou não, é um momento único, especial, em que verdadeiramente sinto que as mudanças são possíveis. Me emocionei bastante ao ver a vitória de Dilma Rousseff (PT) à presidência da República. Não só por ser seu eleitor. Mas mais que isso. Com 55 milhões de votos, cerca de 56% do total dos votos válidos, Dilma foi a primeira presidente eleita. Uma mulher no posto mais alto de um país ainda tão machista, preconceituoso e cujas pessoas se deixam levar por ideias pré-fixadas.

No mesmo domingo, Dilma fez sua primeira declaração aos jornalistas. Depois, reuniu-se com a militância para festejar e fez o primeiro discurso transmitido ao vivo para todo o Brasil. Me chamou a atenção o tom que usou: conciliador, brando, ameno. O discurso da presidente foi carregado de emoção, começou falando que "sim, a mulher pode". Inúmeros compromissos foram fechados: governar com respeito à oposição, erradicar a pobreza e miséria profunda no país, garantir a estabilidade econômica, respeito à liberdade de imprensa e de culto religioso.

Por mais de 20 minutos ela falou e reafirmou as propostas que tem pro País. E isso me renova. Me faz pensar que, mesmo insatisfeitos, as coisas ainda têm rumo, e tudo se ajeita. Combate à corrupção foi outro compromisso. Depois do caso Erenice, por que não dá-la a chance de mostrar que a corrupção será punida?

Essa mineira de 62 anos tem muito a conquistar. Vai precisar trabalhar duro para governar um país de dimensões continentais e lutar para que os brasileiros tenham no Congresso vitórias com as reformas tributária e política entre muitas outras. Mas acredito nela. Não creio em perseguição à imprensa. E conheço sua capacidade gerencial e administrativa. Dilma é famosa pelo jeito durão e sério com o qual conduz seu trabalho. Traquejo político, jogo de cintura? Ela já está se habituando, como ficou patente nas entrevistas que deu depois de eleita.

Sorte à Dilma Rousseff. Ela será a presidente de todos os brasileiros, daqueles que votaram nela e dos que não votaram também. Não há motivos para discórdia ou rancor. A hora é de desejar-lhe sucesso. Se ela for boa gestora, ganham todos, ganha o Brasil. A vitória é coletiva.