sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Há poucos dias


Há poucos dias de minha formatura, preparo minha alma e meu espírito, e sobretudo, meu emocional para viver momentos intensos, daqueles típicos que me fazem fechar os olhos, me arrepiar com o que está por vir e chorar muito (e deixar esse meu alérgico olho vermelho e marejado) para finalmente me consagrar como graduado em Jornalismo.

Por enquanto, tenho passado dias exaustivos, de muito cansaço e estresse, de muitas dores e preocupações para que tudo saia certo, nos conformes, para que as horas no dia 03 de março se eternize, para que esse momento se torne atemporal, e atravesse a todos profundamente.

Foi há tanto tempo... e parece que o tempo, conceito relativo para a física, tivesse entrecortado os ares com a mesma rapidez com que a velocidade da luz atravessa o universo. Até agora, resta em mim um pouco da luz de um estudante cujas amarras profissionais ainda não apagou. Resta a esperança, aquele que surge das cinzas e nos faz ressuscitar, ou melhor, nascer pela segunda vez.

Faltam poucos dias e meu coração se prepara. O sangue bombeia oxigênio por essas veias que se esticam e fazem minha pressão pulsar e coração chegar até a garganta. Depois desse rito de passagem, minha vida seguirá novos rumos. Por hora, me assusta o fato de imaginar que sou adulto, e ter que parar pra pensar qual é o projeto de vida que tenho para mim daqui pra frente. Afinal de contas, você já pensou no seu?

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Lula, o filho de dona Lindu

Não sou crítico de arte nem especialista em cinema. Mas resolvi abrir este blog com uma análise sobre o filme de Lula.

"Você sabe quem é esse homem, mas não conhece a sua história". Assim dizia o trailler do filme. Era pra ter assistido o filme logo que estreou, em janeiro. Para tanto, aproveitaria o clima nordestino de Aracaju para honrar o sertanejo que se tornou presidente da República. Não deu. Voltei a Goiânia e só então numa quarta-feira pude ver o filme do "cara".

Escuridão. As luzes se apagam, pessoas continuam subindo já atrasadas. Vejo os traillers. Depois de muita badalação com o que está por vir, o filme começa com uma frase de efeito: "Este filme não recebeu apoio dos governos federal, estadual e municipal para ser feito". As letras brancas em meio à película negra informavam ainda quais empresas foram responsáveis pelo patrocínio cultural que alavancou a produção do filme... Isso porque a imprensa informou, à época de sua pré-estreia, no Festival de Cinema de Brasília, que muitas estatais inundaram o caixa para rodar o filme. Nada de doações, apenas contribuições ao fomento do cinema brasileiro. Polêmicas à parte, vamos ao que interessa.

O fato é que o filme de Lula começa exatamente onde estão suas origens. Do sertão de Caetés, nos confins do Pernambuco, saiu um dos caçulas de dona Lindu que um dia, de tanto teimar, conseguiu ser presidente. Lula - o filme - foi inspirado na história que conta Denise Paraná em um livro de mesmo nome.

A trajetória de Lula em muito se assemelha à vida de milhares de brasileiros. Pobre, morando apenas com a mãe e os irmãos numa casinha simples de fazenda, acaba entrando nas estatísticas do êxodo rural de um Brasil que começava a se industrializar e se modernizar na década de 50, no período pós-Getúlio Vargas. Com a mudança do pai para Santos, no litoral de São Paulo, dona Lindu vende todos os bens e parte, posteriormente, para a terra do café na tentativa de conseguir uma vida melhor para seus filhos. Lá, Lula conheceu pela primeira vez seu pai, um homem alcoólatra, retrógrado e impulsivo.

O filme narra a situação de vida de Lula e de toda uma geração. Luiz Inácio entra para a escola (para o desgosto do pai, que ao descobrir tenta até agredir dona Lindu por ter incentivado os filhos a estudar). Depois disso, ao mudarem-se para São Bernardo do Campo - na região do ABC paulista, local onde se concentra grande parte das indústrias siderúrgicas do país e que se tornou o reduto político de nosso presidente - o protagonista ingressa na escola de formação do Senai.

De fato, não se pode prescindir que a vida de Lula foi cercada de obstáculos e dificuldades. Mas além disso, e muito além de tudo isso, Lula sempre contou com uma figura de peso em sua vida: dona Lindu. Ela se tornou, na ausência da figura paterna de seu Aristides, o centro e o norte da casa. "Tu vai se chamar Luiz Inácio"- diz a personagem de Glória Pires quando o filho nasce, evidenciando o poder que têm as palavras quando são ditas, bradadas ao vento com toda a força.

"Vai com cuidado, porque o santo é de barro"- diz dona Lindu quando o filho assume o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Bernardo. Com essas e tantas outras frases de efeito, Lindu ganha na trama um papel tão relevante quanto o do filho. O filme deixa patente a afinidade de um pelo outro. Além de reconhecer o potencial de uma mãe corajosa que foi capaz de levantar o ânimo do caçula nos piores momentos de sua vida, tal qual ocorreu quando ele perdeu de uma só vez a esposa e o filho.

Filme, para mim, precisa ter alguns atributos fundamentais. Tem que ser especialmente emocionante, daqueles que nos sensibilizam, ou então precisa ser inteligente, me fazer pensar, refletir sobre a materialidade da vida que faz aquele discurso cinematográfico ter sua existência justificada. "Lula, o filho do Brasil", ao contrário do que pensava, não me ganhou por nenhuma dessas duas características. O filme mistura cenas gravadas com imagens reais da ditadura militar, numa completa dessincronia e estética desagradáveis. Além disso, emociona muito pouco e não reflete com presteza a personalidade do homem que viria a ser o primeiro líder de esquerda a governar o País após a Redemocratização.

Mas uma coisa é certa. Fábio Barreto poderia ter acertado muito mais se escolhesse outro título para a trama. Eu prefiro "Lula, o filho de dona Lindu". Acho que seria bem mais cabível, já que demonstraria a ambiguidade de seus personagens centrais: Lula é muito do que hoje é porque teve uma mãe amiga, cativante, determinada. Lula e dona Lindu, protagonistas de uma mesma história.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Meu espaço

Desde o ano passado venho pensando na necessidade de criar um espaço pra mim. Não um espaço espontâneo de fala (isso eu fiz o ano todo num lugar especial), mas sim um cantinho onde pudesse materializar minhas ideias, já que a fala se dispersa e se perde.
Também tive apoio de muitas pessoas pra realizar esta tarefa. Professores (e dá-lhe Papini) e amigos que me incentivaram a entrar de vez no mundo online para textualizar. E é por isso que agora, mesmo já tarde da noite e cansado depois de viver um dia de muitas turbulências, resolvi instantaneamente criar este blog.
Aqui você poderá encontrar um lugar com o qual, talvez, se identifique. Minha tarefa é escreve sobre muitas coisas, e sobretudo acerca dos fatos cotidianos que precisam ser mais bem analisados. Este é um espaço para minhas reflexões acerca dos acontecimentos da cobertura jornalística, que muitas vezes se faz pobre porque não significa os fatos e nem dá à notícia uma dimensão histórica. Também aqui o leitor encontrará textos que resumem minhas ideias e pensamentos sobre o mundo e a vida, minhas filosofias.

Que tal? Então mire o seu olhar sobre o que eu vou dizer.
Meu espaço. Thiago Freire, agora textualizando!